quarta-feira, 17 de junho de 2009

Circulação Pós-Natal

Importantes ajustes circulatórios ocorrem ao nascimento quando cessa a circulação fetal pela placenta e os pulmões começam a funcionar. O forame oval, o ducto arterioso, o ducto venoso e os vasos umbilicais já não são mais necessários. A oclusão da circulação placentária provoca uma queda imediata na pressão sanguínea da veia cava inferior e átrio direito.

Circulação Fetal



O sangue retorna da placenta pela veia umbilical. Cerca de metade desse sangue desvia-se do fígado, passando pelo ducto venoso. Após um curto percusso na veia cava inferior (VCI), o sangue chega ao átrio direito. Como a VCI também contém sangue desoxigenado proveniente dos membros inferiores, abdome e pelve, o sangue que chega ao átrio direito nao é tão bem oxigendao quanto o da veia umbilical. A borda inferior do septum secundum direciona a maior parte do sangue da VCI para o átrio esquerdo, através do forame oval. Aqui ele se mistura com uma quantidade relativamente pequena de sangue desoxigenado oriunndo dos pulmões via veias pulmonares. O sangue passa pelo ventrículo esquerdo e segue pela aorta ascendente. Como resultado, os vasos do coração, cabeça e pescoço, e dos membros superiores recebem sangue bem oxigenado.

Uma pequena quantidade de sangue oxigenado da VCI permanece no átrio direito. Este sangue se mistura com o sangue desoxigenado da veia cava superior (VCS) e seio coronário, passando para o ventrículo direito. O sangue segue pelo tronco pulmonar e a maior parte vai para a aorta depois de passar pelo ducto arterioso. Bem pouco sangue vai para o pulmão, porque eles são órgãos não-funcionais e, portanto, nao requerem uma irrigação rica. A maior parte do sangue misturado na aorta descendente passa para as artérias umbilicais e retorna à placenta para ser reoxigenado. O sangue que permanece na aorta circula pela parte inferior do corpo e acaba por desembocar na VCI, passando para o átrio direito.

Estruturas Derivadas dos Arcos Aórticos

Derivados do Primeiro Par de Arcos Aórticos

As porções remanescentes desse par formam as artérias maxilares, que irrigam as orelhas, os dentes e os músculos da face.

Derivados do Segundo Par de Arcos Aórticos

As partes dorsais formam o tronco das artérias estapédicas, que, no embrião, passam pelo anel do estribo.

Derivados do Terceiro Par de Arcos Aórticos

As partes proximais formam as artérias carótidas comuns que suprem as estruturas da cabeça. As partes distais unem-se às dorsais formando as artérias carótidas internas, que suprem as orelhas, as órbitas, o encéfalo e suas meninges.

Derivados do Quarto Par de Arcos Aórticos

O quarto arco esquerdo origina a parte da croça da aorta. A parte proximal do arco origina-se do saco aórtico, e a parte distal deriva da aorta dorsal esquerda. O quarto arco direito torna-se a parte proximal da artéria subclávia direita, a parte distal se forma da aorta dorsal direita e da sétima artéria intersegmentar direita. A artéria subclávia direita não origina-se de um arco aórtico, e sim da setima artéria intersegmentar direita.

Derivados do Quinto Par de Arcos Aórticos

Em cerca de 50% dos embriões o quinto par é constituído por vasos rudimentares que se degeneram sem deixar derivados vasculares. Em outros, estas artérias nao se desenvolvem.

Derivados do Sexto Par de Arcos Aórticos

A parte proximal do sexto arco aórtico esquerdo origina a parte proximal da artéria pulmonar esquerda, a parte dorsal do arco origina o ducto arterioso que comunica a artéria pulmonar esquerda com a aorta dorsal. A parte proximal do sexto arco aórtico direito origina a parte proximal da artéria pulmonar direita, já a parte distal do arco degenera-se.

Anomalias

Alguns casos de defeitos cardíacos congênitos (DCCs) são causados por mecanismos de um único gene ou por mecanismos cromossômicos. Outros casos resultam da exposição a teratógenos, como o vírus rubéola. A maioria dos DCCs são causados por múltiplos fatores, genéticos e ambientais. Entre as anomalias estão:

Dextrocardia

A anormalidade de posição mais freqüente do coração. Quando o tubo cardíaco se inclina para a esquerda, em vez de para direita, o coração e seus vasos são invertidos da esquerda para a direita.


Forame oval persistente

Esta condição acontece com freqüência (atinge 25% da população geral) e se caracteriza por uma conexão entre os átrios direito e esquerdo ,que acontece quando o forame oval, que ocorre como parte normal do desenvolvimento fetal, falha em fechar após o nascimento, podendo ser causa importante de enxaquecas e AVCs (derrame) . Os defeitos cardíacos congênitos contribuindo para elevar a pressão no lado direito do coração, podem forçar o sangue a fluir através de um forame oval persistente (derivação da direita para a esquerda) causando uma aparência azulada da pele,a cianose As técnicas modernas permitem realizar um procedimento minimamente invasivo no qual, um cateter (tubo plástico flexível) é inserido dentro de uma veia na perna do paciente e guiado até o coração, onde uma prótese, conhecida como "Amplatzer", é usada para corrigir o defeito

Estenose Aórtica

As bordas da válvula aórtica geralmente estão fundidas, formando uma cúpula com uma abertura estreita. Esta anomalia pode estar presente no nascimento (congênita), ou desenvolver-se após o nascimento (adiquirida). A estenose valvular causa um trabalho extra ao coração e leva a hipertrofia do ventrículo esquerdo e as bulhas cardíacas anormais (murmúrios cardíacos)

Desenvolvimento do Coração

O sistema cardiovascular é o primeiro sistema importante a funcionar no embrião, aparecendo em meados da terceira semana de desenvolvimento. O desenvolvimento precoce do coração e sistema vascular se deve à necessidade de haver um aumento na demanda nutricional e na oxigenação para o rápido crescimento do embrião.

Desenvolvimento precoce do coração e dos vasos

O primeiro sinal do aparecimento do coração é um par de cordões endoteliais, no mesoderma cardiogênico durante a terceira semana. Esses cordões se canalizam para formar os tubos cardíacos que se fundem para formar o coração tubular. O coração começa a bater entre o 22 e 23 dia.

Desenvolvimento das veias associadas ao coração

Três pares de veias escoam-se para o coração tubular de um embrião de quatro semanas:
  • As veias vitelínicas levam sangue pouco oxigenado a partir do saco vitelino
  • As veias umbilicais levam sangue oxigenado a partir do primórdio da placenta
  • As veias cardinais comuns levam sangue pouco oxigenado a partir do corpo do embrião




Arcos aórticos

Os arcos aórticos são artérias que irrigam os arcos faríngeos originadas do saco aórtico e que terminam na aorta dorsal. As partes caudais dessas aortas dorsais se unem para formar uma única aorta abdominal torácica inferior. Saem das aortas dorsais vários ramos, as artérias intersegmentares que irrigam os somitos e seus derivados.

Término do desenvolvimento do coração

A camada externa do coração, o miocárdio primitivo, é formada com a fusão dos tubos cardíacos. O endocárdio é formado do tubo endotelial, o miocárdio do miocárdio primitivo e o epicárdio de células mesoteliais que se originam do seio venoso. O coração tubular desenvolve dilatações e constrições alternadas: o bulbo cardíaco, ventrículo e seio venoso. O coração se invagina para a cavidade pericárdica pelo seu dobramento e alongamento e mais tarde fica preso apenas por suas extremidades cranial e caudal.

A circulação através do coração primitivo é do tipo fluxo-refluxo no início, porém contrações coordenadas do coração durante a quarta semana resultam em um fluxo unidirecional. E as contrações iniciais do coração começam no músculo.

Septação do Coração Primitivo

  • Septação do Átrio Primitivo

O átrio primitivo começa a se dividir em átrios direito e esquerdo no final da quarta semana pela formação, modificação e fusão de dois septos: septum primum e septum secundum. O septum primum cresce a partir do teto do átrio primitivo,dividindo parcialmente o átrio comum em metades direita e esquerda. Entre sua borda crescente e os coxins endocárdicos surge uma grande abertura, o foramen primum. Ele faz o desvio do sangue oxigenado do átrio direito para o esquerdo.Enquanto ele vai desaparecendo gradualmente os coxins endocárdicos se fusionam com o septum primum para formar o septo AV primitivo. Antes de desaparecer o foramen primum surge na região central do septum primum o foramen secundum que garante uma corrente contínua de sangue oxigenado do AD para o AE. O septum secundum surge da parede ventrocranial do átrio à direita do septum primum. Crescendo,ele se sobrepõe ao foramen secundum e forma uma divisão incompleta entre os átrios, formando o forame oval. Antes do nascimento, o forame oval permite que a maior parte do sangue oxigenado que entra no átrio direito pela VCI passe para o esquerdo e impede a passagem do sangue em direção oposta. Após o nascimento, o forame oval normalmente se fecha.

Seio Venoso e Formação do Átrio Direito

O seio venoso abre-se na parte dorsal do átrio direito. O corno esquerdo do seio venoso forma o seio coronário e o direito torna-se parte do átrio direito. O resquício da parte direita do átrio primitivo é representado pela porção rugosa do átrio e pela aurícula direita.

Veia Pulmonar Primitiva e Formação do átrio esquerdo

A veia pulmonar primitiva se forma com a evaginação da parede atrial dorsal,à esquerda do septum primum. O átrio ao expandir-se incorpora a veia pulmonar primitiva e seus ramos principais , formando quatro veias pulmonares

  • Septação do Ventrículo Primitivo

A divisão do ventrículo primitivo em dois ventrículos se deve a crista muscular mediana - o septo interventricular (IV) primitivo.



                        • Septação do bulbo cardíaco e do tronco arterioso
                        O septo aorticopulmonar divide o bulbo cardíaco e o tronco arterioso em dois canais arteriais: a aorta e o tronco pulmonar.

                        Formação das válvulas cardíacas

                        As proliferações do tecido subendocárdico desenvolvem as válvulas semilunares e atrioventriculares.


                        Sistema de condução do coração

                        As células do nódulo sinoatrial mais as células da região AV formam o nódulo e o feixe AV.As fibras saem do feixe AV vão do átrio para o ventrículo e dividem-se em ramos do feixe, direito e esquerdo, que se distribuem por todo o miocárdio ventricular.